
APROVEITANDO A FIBRA DA CASCA DO COCO VERDE NA
08-08-2010 22:21
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Pensar a (in) sustentabilidade: desafios à pesquisa
CAPÍTULO 13
APROVEITANDO A FIBRA DA CASCA DO COCO VERDE NA
FABRICAÇÃO DE BRIQUETES
Daniela Venceslau Bitencourt
Alceu Pedroti
Introdução
Ao longo da trajetória do ser humano no planeta, ele desenvolveu mecanismos
que pudessem suprir suas necessidades. Contudo este processo acabou
se estruturando a partir de uma desequilibrada equação: retirar, consumir e descartar.
É exatamente nesta ponta da equação que se encontra um dos principais
problemas que assola a sociedade moderna – a produção de resíduos sólidos.
O problema ganha contornos ainda mais acentuados quando se pensa
as cidades litorâneas que vivem do turismo e que apresentam um aumento no
consumo da água de coco
in natura,visto que este aumento vem gerando cerca
de 6,7 milhões de toneladas de casca/ano, transformando-se em um sério problema
ambiental, principalmente para as grandes cidades. Só para se ter uma ideia,
assegura Senhoras (2003), cerca de 70% do lixo gerado no litoral dos grandes
centros urbanos do Brasil é composto por cascas de coco verde, material de difícil
degradação e que, além de foco e proliferação de doenças, vem diminuindo a
vida útil de aterros sanitários.
Embora o panorama possa aparecer assustador, existem projetos voltados
para o reaproveitamento da casca de coco que desenvolvem um trabalho
voltado não só para a problemática do meio ambiente, mas também com questões
que envolvem a inclusão social. Tais soluções parecem crescer, principalmente
nos grandes centros urbanos onde o problema tem dimensões alarmantes.
Os empreendimentos que se voltam para a reutilização ou reciclagem da
casca do coco produzem novos produtos como vasos, placas, tutores, vasos de
parede, substratos, adubo orgânico e principalmente o uso da fibra na produção
de briquetes. Nota-se que além dos benefícios ambientais, esta dinâmica tornase
ainda uma poderosa geradora de emprego e renda, criando postos de trabalho
e oportunidades de uma vida melhor para todos.
Nesta perspectiva, o presente trabalho objetiva levantar as potencialidades
do emprego da fibra de casca de coco na produção de briquetes, analisando
sua contribuição à redução de impactos ambientais, à verificação do tipo e do nível
de benefícios econômicos e sociais. Para tanto, realizou-se uma pesquisa aplicada,
pois objetiva aplicar conhecimentos dirigidos à solução de problemas específicos,
no caso o aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de energia.
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Os impactos gerados pelo resíduo do coco verde relacionados com o
meio ambiente, foram identificados por meio da pesquisa bibliográfica, por observações
feitas na área de estudo: a cidade de Aracaju e nos locais de disposição
dos mesmos. A avaliação do potencial de aproveitamento do resíduo do coco
verde para geração de energia, incluindo a forma de armazenamento e coleta
além do mercado consumidor do material produzido foi desenvolvida com base
na análise dos dados existentes e informações levantadas na área de estudo.
Biomassa e Briquetes: Aspectos Gerais
A utilização de resíduos vegetais (galhos, casca de arroz, café e coco,
bagaço, serragem, etc.) como combustível representa uma interessante alternativa
aos combustíveis sólidos tradicionais (lenha e carvão). O modo mais fácil e
simples de utilizar o poder calorífico destes materiais é a combustão direta. Entretanto,
esta prática apresenta algumas desvantagens (SRIVASTAVA; MAHESHWARI;
OHIA, 1995):
* Os resíduos vegetais possuem baixa densidade e muitos deles se encontram
em forma de pó, provocando poeira e poluição, tornando difícil
e caro o manuseio, o transporte, o armazenamento e seu uso como combustível.
* A maioria dos resíduos agro-florestais contém elevada umidade. Portanto,
entre 18 e 20% do calor gerado na combustão é consumido para
secar a própria biomassa, perdendo assim grande parte de seu potencial
energético.
* A compactação dos resíduos vegetais em forma de briquetes
(briquetagem) pode ser uma solução para alguns destes problemas.
A briquetagem de biomassa é uma prática muito antiga e uma das diversas
técnicas que em termos gerais são classificadas como tecnologia de
compactação. O processo de briquetagem consiste na aplicação de pressão em
uma massa de partículas dispersas com objetivo de torná-las um sólido geométrico
compacto de alta densidade. Esta operação pode ser realizada com ou sem a
presença de um agente aglutinante.
Srivastava, Maheshwari e Ohia (1995) relataram que a briquetagem, como
tecnologia, foi inventada no começo do século XIX. Na segunda metade do século
XIX foi desenvolvida a primeira máquina a pistão para produzir briquetes de
turfa (STAUBER, 1895). Em 1923, a sociedade “Pacific Coal and Wood” de Los Angeles
estava já comercializando briquetes de resíduos de madeira, usando uma prensa
especialmente projetada. Os briquetes eram cilíndricos, com diâmetro aproximado
de 7,5 cm e comprimento de 25 cm, amarrados com arame para manter a
coesão durante o transporte. Relatos indicam que estes briquetes apresentavam
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Pensar a (in) sustentabilidade: desafios à pesquisa
excelentes propriedades de combustão (SRIVASTAVA; MAHESHWARI; OHIA, 1995).
Desde então várias outras aplicações e tecnologias de briquetagem foram
implementadas em vários países do mundo. Bhattacharya, Sett e Shrestha
(1989), após realizar um estudo sobre as prensas para compactação de biomassa,
encontraram 152 produtores no mundo, sendo a maioria concentrada na Alemanha.
Existem vários mecanismos que permitem a ligação entre as partículas da
biomassa compactada, e geralmente todos eles colaboram para obter a resistência
e a coesão final do briquete. Grover e Mishra (1996) identificaram os seguintes
mecanismos:
* Ação de aglutinantes (já presentes na matéria-prima ou adicionados);
* Forças de Van Der Waals;
* Forças de valência;
* Emaranhamento (entrelaçamento) entre partículas;
Os compostos ligantes que já estão presentes na matéria-prima podem
ser ativados pelas elevadas pressões e temperaturas alcançadas no processo de
compactação. Pode ser o caso da lignina, presente nas células da biomassa, que
amolece entre 100 e 190 ºC e age como uma cola entre as partículas. Os mecanismos
de emaranhamento e a ativação de forças de valência e de Van Der Waals
acontecem pela forte aproximação e deformação das partículas provocada pelas
pressões de compactação. Mesmo depois da compactação, as partículas da
matéria-prima ainda são perceptíveis.
Briquetes são produtos de alto poder calorífico, obtido pela compactação
dos resíduos de madeira como o pó de serragem e as cascas vegetais como a
casca de coco. Apresenta forma regular e constituição homogênea sendo muito
utilizado para a geração de energia. É considerado uma lenha ou carvão ecológico
de alta qualidade, feito a partir da compactação de resíduos ligno-celulósicos,
sob pressão e temperaturas elevadas (BIOMAX, 2007; BIOMACHINE, 2007).
A briquetagem, segundo Silveira (2008) é o processo de fabricação de
briquete, que ocorre por meio da compactação de resíduo no qual é destruída a
elasticidade natural das fibras do mesmo. Esta destruição pode ser realizada por
dois processos: alta pressão e/ou alta temperatura. O processo provoca a
“plastificação” da lignina, que atua como elemento aglomerante das partículas
dos resíduos ligno celulósicos, uma razão muito importante da não necessidade
de adicionar produtos aglomerantes (resinas, ceras, dentre outros). Para que esta
aglomeração tenha sucesso, necessita da presença de uma quantidade de água,
compreendida entre 8 a 15% de umidade, e que o tamanho da partícula esteja
entre 5 a 10 mm.
Os briquetes são produzidos a partir de qualquer biomassa vegetal, matéria-
prima que deve ser processada por uma briquetadeira, máquina com capaci182
dade para processar entre 50 e 1000 kg/h de resíduos. O pesquisador desenvolveu
uma briquetadeira que está sendo fabricada por empresas da iniciativa privada. O
equipamento deve ser dimensionado para atender a cada propriedade e ter um
custo de investimento e operacional compatível.
A Fibra da Casca de Coco
A estrutura do coco é formada de epicarpo, mesocarpo, endocarpo e
semente; sendo fibra o nome dado ao material fibroso que constitui o mesocarpo.
As fibras vegetais são formadas por diversos componentes químicos constituídos
a base de Hidrogênio (H) e Carbono (C), sendo os principais a celulose, a
hemicelulose e a lignina (SILVA, 2003).
A celulose é um polissacarídeo formado por resíduos de D-glicopiranoses
que formam longas cadeias lineares com alto grau de polimerização (formação
de polímeros), se constitui na principal componente de todas as fibras vegetais,
pois confere a mesma resistência mecânica (SILVA, 2003; PASSOS, 2005).
A hemicelulose é constituída por uma mistura de polissacarídeos amorfos
com grau de polimerização de 10 a 100 vezes menor que o da celulose. Em células
maduras a hemicelulose encontra-se mais associada a lignina do que a outros
polissacarídeos (REDVET, 2007). A lignina é constituída por polímero complexo de
estrutura amorfa, com componentes aromáticos e alifáticos, que se associa a
celulose e hemicelulose durante a formação da parede celular dos vegetais e tem
como finalidade conferir rigidez a mesma. Sua concentração nas fibras influencia
a estrutura, as propriedades, a morfologia, a flexibilidade e a taxa de hidrólise
(BRAUSS, 1952; PASSOS, 2005).
Cada fibra vegetal é constituída de várias fibras elementares ligadas entre
si por um material de cementação, formado principalmente por lignina. A Figura
1 mostra a constituição estrutural de uma fibra elementar, que possui uma parede
espessa formada por diversas microfibrilas de celulose que formam espirais ao
longo do eixo da fibra, tendo um lúmen no centro (SILVA, 2003).
Figura 1: Constituição Estrutural de uma Fibra Vegetal.
Fonte: Rong e outros, 2001 (apud Silva, 2003).
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Conforme assegura Nunes (2007), o aumento do volume da casca de
coco levou a construir uma tecnologia que permitisse a biodegradação da casca
de coco no menor tempo possível, transformando-a em matéria-prima para a
confecção de produtos ou ainda na fabricação de adubos orgânicos como alternativa
agroecológica para os sistemas de produção agrícola e, como nova fonte
de renda para comunidades rurais. Essa tecnologia pode ser empregada tanto no
aproveitamento da casca do coco seco quanto à do coco verde.
Borges (2005) estrutura o processo de reciclagem nas seguintes etapas:
1 – Coleta do resíduo (cascas de coco verde)
A coleta é feita diariamente e preferencialmente de modo que não ultrapasse
24 horas entre a extração da água até o processamento. Este procedimento
tem como finalidade elevar a qualidade dos produtos finais (pó e fibra), pois a
desidratação da casca prejudica as etapas subsequentes do processamento.
2 – Recepção do resíduo de coco verde
O veículo que transporta os resíduos deve despejar a carga em uma baia
de recepção, localizada na entrada da linha de processamento. Neste momento
são retirados os materiais indesejáveis como: canudos, plásticos, pedras, cascas
ressecadas podres, entre outros. Vale ressaltar a importância de manter um fluxo
uniforme de alimentação da linha de processamento, que é feito por meio de um
elevador (que tem velocidade controlada), para garantir a eficiência da prensagem.
3 – Trituração
Nesta etapa, o resíduo é cortado e triturado por meio de facas rotativas
em disco, as quais fazem o fatiamento da casca e em seguida passa por martelos
fixos os quais são responsáveis pelo esmagamento do produto. Este procedimento
possibilita a realização da etapa de seleção da fibra com o pó do coco e
prensagem.
4 – Prensagem para retirada da umidade e sais
A casca de coco verde tem aproximadamente 85% de umidade e a maior
parte dos sais se encontra em solução. Na prensagem, remove-se 60% da umidade,
ou seja, é liberada a água que se encontra livre dentro dos elementos
anatômicos (água de embibição), o que acarreta também na remoção conjunta
dos sais. A eficiência desta etapa é de grande importância para a perfeita seleção
do material na etapa seguinte e também para a adequação do nível da salinidade
do pó obtido no processamento. O líquido oriundo da prensagem, chamado de
Líquido da Casca de Coco Verde – LCCV é conduzido por meio de calha para a
rede de esgotamento sanitário do município a fim de ser tratado.
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5 – Seleção de fibra e pó
Após a prensagem, as fibras são separadas do pó por meio de uma máquina
classificadora que é equipada com um rolo de facas fixas e uma chapa
perfurada. O material é turbilhonado ao longo do eixo da máquina e por diferença
de densidade, o pó cai pela chapa perfurada e a fibra sai no fim do percurso.
6 – Peneiramento das fibras
É utilizada uma peneira grossa para retirar pequenas impurezas que vêm
com as fibras (por exemplo: pó e restos de endocarpo do coco) a fim de conferir
qualidade ao produto final para comercialização. Há necessidade de secar as fibras
(ao sol, ao vento ou utilizando ar quente) por aproximadamente 02 horas
para remoção de umidade. Vale ressaltar que a máquina classificadora, por densidade,
lança as fibras e acumula pequenos pedaços do endocarpo, ou seja, a
quantidade de endocarpo que vai misturado com as fibras é mínima.
7 – Tratamento térmico do pó
Para utilização do pó da casca de coco, é necessário que o mesmo esteja
isento de microrganismos fito patogênicos. Por isso, o pó pode ser submetido a
um tratamento térmico, em forno rotativo, a 80º C durante 20 minutos.
No caso da usina da Embrapa do Ceará, citada por Silveira (2008), o pó é
colocado em leiras, onde é feito o reviramento diário e o controle da temperatura,
até que haja a estabilização do produto final (em torno de 90 dias). As leiras ficam
em locais cobertos para que não haja contaminação do produto, principalmente
com fezes de pássaros. No final do processo é feito o peneiramento do produto
para retirada das fibras curtas.
Essas etapas estão sintetizadas na figura ao lado.
Resultados e Discussões
A construção de uma usina para produção de briquetes a partir da fibra
de casca de coco verde emerge como um empreendimento sustentável que
agrega valores importantes na busca por alternativas sustentáveis que contribua
para que o ser humano possa continuar desenvolvendo estratégias para atender
suas necessidades, de modo a equilibrar a equação, pois a sustenta em três pilares:
econômico, social e ambiental.
O aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de energia por
meio da produção de briquetes constitui no uso sustentável de biomassa como
combustível não incrementando o teor de CO2 na atmosfera, já que este é produzido
durante a combustão equilibrando-se com o CO2 consumido durante a
fotossíntese (LORA, 2002). O aproveitamento das cascas de coco verde surge
como uma oportunidade de aumentar a vida útil dos aterros, devido a não dispo185
Pensar a (in) sustentabilidade: desafios à pesquisa
sição deste resíduo, já que 2,4 m
2/dia é a área ocupada pelas cascas de coco que
poderia abastecer a usina na alta estação; reduzir a emissão de metano para a
atmosfera, melhorar a saúde pública devido a menor proliferação de vetores que
transmitem doenças ao homem, acabar com o impacto visual causado pelo armazenamento
e coleta inadequados, agregar valor a um resíduo, reduzir os gastos
com a limpeza pública, gerar emprego e renda para uma classe social menos
favorecida e profissionais com mão-de-obra qualificada que estejam desempregados,
diminuir o impacto causado pela supressão de vegetação nativa para o
uso de lenha e conscientizar/orientar a população do quanto é importante reduzir
e aproveitar os resíduos.
Do ponto de vista econômico, os briquetes são destinados aos estabelecimentos
e indústrias que possuem fornalhas, fornos, caldeiras e que utilizam
Figura 2: FLUXOGRAMA OPERACIONAL DA USINA.
Fonte: Silveira (2008), adaptado da comunicação pessoal de Luiz Veras da Embrapa
Agroindústria Tropical, 2007).
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lenha para gerar energia; eles substituem, com vantagem, a lenha; à medida que
reduz custos, facilita o transporte, a manipulação e o armazenamento. Seu formato
cilíndrico padronizado reúne uma alta densidade de resíduos prensada, sem a
adição de produtos químicos ou aglutinantes, com alto poder calorífico. Para
Silveira (2008), o custo aproximado para a implantação da usina de briquetagem,
com os equipamentos convencionais vendidos no mercado, é de R$ 375.900,00,
sendo o custo com a energia em torno de R$ 6.411,24/mês. Para a alternativa 02
onde o uso de equipamentos alternativos foi incorporado ao processo, os custos
com os equipamentos e com a energia são R$ 258.000,00 e R$ 2.621,32/mês,
respectivamente. O ganho referente à venda do produto que atualmente, segundo
informações da Nacbriquetes e Eco industrial, varia entre R$ 310 a 500,00 a
tonelada para serragem prensada, que já é um referencial.
Socialmente, desenvolvem-se oportunidades de geração de emprego e
renda contribuindo para a fixação da população local e melhoria dos índices de
desenvolvimento humano. Uma vez que para atender a uma produção de 536 kg
de briquetes em aproximadamente uma hora, considerando uma briquetadeira
com capacidade de produção de 600 Kg/h. A usina operando por seis horas diariamente
seria necessário a coleta de 25.182 kg de cascas de coco para produzir
3.210 Kg de briquetes em aproximadamente seis horas de trabalho.
O sucesso pleno da unidade empreendedora estará na estrutura de
cogestão desenvolvida a partir da criação de uma associação que conduzirá de
forma participativa o gerenciamento do projeto em busca da sustentabilidade e
do fortalecimento. Assim, como se pode observar ao longo deste trabalho, o uso
dos rejeitos da casca de coco como matéria-prima se apresentou como alternativa
viável tanto na perspectiva ambiental, quanto social e econômica. Para Silveira
(2008), para o gerenciamento e operação da usina, deve ser necessário criar uma
Cooperativa a qual pode ser pública, privada ou mista. Os próprios vendedores de
água de coco verde (barraqueiros e ambulantes) poderiam participar da Cooperativa
separando as cascas do coco verde dos outros resíduos e acondicionando-o
para a coleta, fazendo parte da equipe de separação os outros cooperados fariam
parte das equipes de coleta, beneficiamento e entrega do produto final.
Essas medidas reforçam que é possível materializar ações que promovam
a preservação do meio ambiente somada à capacidade de gerar emprego e renda,
fortalecendo o associativismo e os mecanismos para que os indivíduos possam
efetivar o exercício pleno da cidadania, numa proposta capaz de proporcionar
um equilíbrio entre meio ambiente e desenvolvimento.
Considerações Finais
O conjunto de impactos gerados pela disposição das cascas de coco
verde configura um fato importante na atualidade, principalmente, devido a escassez
de áreas para implantação de aterros sanitários, a emissão de metano que
contribui para o aumento do aquecimento global, a proliferação de vetores que
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pode acarretar em propagação de doenças e a poluição visual que afasta as pessoas
do local diminuindo o fluxo comercial e consequentemente a renda dos
comerciantes.
A avaliação do potencial de aproveitamento das cascas de coco verde
para produção de briquetes implica a redução dos impactos causados com a
disposição destas cascas e ainda contribui para a preservação da vegetação nativa
devido a substituição da lenha por este produto.
O aproveitamento das cascas de coco verde surge como uma oportunidade
de aumentar a vida útil dos aterros, devido a não disposição deste resíduo,
já que 2,4 m
2/dia é a área ocupada pelas cascas de coco que poderia abastecer a
usina na alta estação; reduzir a emissão de metano para a atmosfera, melhorar a
saúde pública devido a menor proliferação de vetores que transmitem doenças
ao homem, acabar com o impacto visual causado pelo armazenamento e coleta
inadequados, agregar valor a um resíduo, reduzir os gastos com a limpeza pública,
gerar emprego e renda para uma classe social menos favorecida e profissionais
com mão-de-obra qualificada que estejam desempregados, diminuir o impacto
causado pela supressão de vegetação nativa para o uso de lenha e
conscientizar/orientar a população do quanto é importante reduzir e aproveitar
os resíduos.
Referências
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